quinta-feira, 19 de março de 2020

A mímica no ballet

A mímica no ballet

Quem assiste a um ballet de repertório certamente vai se deparar com gestos e expressões faciais que não se enquadram na técnica de dança propriamente dita, eles fazem parte do que chamamos de pantonima, ou mímica. Essa questão sempre foi um desafio para mim e eu adoro desafios! Este post vai te explicar o que é isso e para que isso serve.
O ballet de repertório tem suas origens parecidas com as da ópera e, assim como a ópera, conta uma história, só que não usa as palavras. A história é dançada, e a mímica permeia os espetáculos do início ao fim. Uma pessoa é capaz de entender os detalhes da história contada, sem ler o libreto, se for atenta às cenas que decorrem entre uma dança e outra e conhecer o significado dos gestos.
Normalmente, perdemos o interesse quando vamos a um espetáculo e, o que vemos, não faz sentido. Isso acontece quando há uma falha na conexão artista-público e/ou obra-público. É claro que é difícil compreender tudo, de primeira. Não estamos muito acostumados a usar nenhuma linguagem de sinais no dia a dia, o que é outra questão que deveríamos pensar na vida (por causa das pessoas surdas-mudas, mas não vem ao caso aqui). Entender a pantonima é uma questão de treinar o olhar.
Tento escrever para leigos porque, apesar de hoje ser uma entendedora de ballets, tive minha fase desconhecer. Eu via vários espetáculos e muitos gestos dos atores/ bailarinos/figurantes me passavam despercebidos, prejudicando o entendimento da história, como público. A partir do momento em que passei a estar dentro da equipe de artistas que compõem o elenco, muita coisa se esclareceu. Lembro-me bem dos períodos de ensaio e montagem dos espetáculos. O que percebi foi que, a cada novo gesto, que passava a fazer sentido, um mundo inteiro se abria.
Quero ressaltar que, quem dança ballet precisa ter esse conhecimento. Quando não há clareza nos gestos dos bailarinos o espetáculo perde vida. Quero transmitir na minha dança e na dança dos meus alunos, da melhor forma possível e com riqueza, tudo que o espetáculo propõe. Afinal de contas, ter uma boa interação com a plateia e fazê-la se sentir tocada é o maior desejo de um bailarino. É dever dos professores estimular os alunos nesse sentido.
Aqui vai um exemplo em vídeo. É o ensaio da cena da entrada de Carabosse, a fada má que não foi convidada para a festa de aniversário da Princesa Aurora, no conto e ballet A Bela Adormecida. A mestra é Monica Mason, que já interpretou o papel diversas vezes pela Royal Companhia de Dança da Inglaterra.


Hoje existem vários videoblogs, super interessantes que explicam a pantonima mais utilizada nos Ballets do repertório clássico. Por exemplo, no Canal Coque & Sapatilha.