domingo, 28 de maio de 2023

Londres - Minhas impressões em 3 dias

 

Londres, para mim, ficou marcada como uma cidade extremamente musical. Talvez eu tenha tido essa impressão de cara porque a primeira coisa que eu fiz ao chegar na cidade, no fim de tarde de uma quinta-feira foi ir a um Pub chamado Piano Works, onde dois pianistas cantores interpretavam sucessos da música inglesa, para comemorar meus 29 anos.

Só depois do meu tour por Londres que percebi que a história da música não seria a mesma sem os cantores britânicos. Desde Beatles, passando por Rolling Stones, Elton John até Amy Winehouse e Adele. Toda pessoa no mundo com certeza já ouviu algum sucesso de pelo menos um desses cantores. Eu, particularmente, imaginava que outros cantores incríveis que cantam em inglês fossem norte-americanos, como Dua Lipa, Ed Sheeran, Harry Styles, The Doors e muitos outros conjuntos, mas são todos ingleses. Por isso, fiquei encantada com o potencial musical da Inglaterra.

Quando eu vi naquele Pub tanta gente comum cantando e dançando com tamanha intimidade com as músicas, eu vi que aquela realmente era a música “deles” (como é Skank ou Ivete Sangalo para os brasileiros) e percebi o significado grandioso da música britânica para o mundo.

Ainda falando de música, na manhã seguinte tive a oportunidade de presenciar apresentações ao ar livre de música erudita em Convent Garden quando fui à loja do Royal Ballet (Farei em breve outra postagem só sobre o Royal Ballet). Mais tarde nesse dia passeei pelos pontos turísticos mais bonitos e famosos como Big Bang, Westminster Abbey, Picadilly Circus, Leicester Square, Palácio de Buckingham e Green Park. Foi tudo rápido, sem entrar por causa do tempo curto, mas pude fazer lindas fotos que já estava planejando fazer com minha amiga moradora do local.



No terceiro dia fui a mais um local que respira música: Camden Town. Esse bairro possui um mercado de rua com comidas e lojas diversas, foi onde eu andei. No caso, a música dali é focada no heavy metal e a maioria das lojas vende roupas e indumentária desse estilo, mas também tem lojas de antiguidades, souvenirs e roupas comuns. Fiquei sabendo que era nessa feira que Amy Winehouse cantava antes de ser famosa. O local tem um histórico de revelar grandes artistas para o mundo.

Ainda nesse dia fui conhecer a Torre de Londres (castelo onde ficam as joias da realeza) e a Tower Bridge (ponte que abre e fecha a passagem de carro para passagem de navios). Eu já havia montado um quebra-cabeça 3D (tipo uma maquete) dessa ponte, e foi emocionante ver de perto ela se abrindo e fechando!!! Nas margens do rio Tâmisa os prédios são de última geração de modernidade, lindos!



Na última manhã antes de voltar para o Brasil, conheci a Catedral católica de Westminster, que terminou de ser construída na primeira década de século XX. Não é muito antiga, até porque a Inglaterra é tradicionalmente um país de religião anglicana, que se parece com a católica, mas não é igual em todos os sacramentos. A igreja é construída com acabamento em mármore, lindíssima e as pessoas que estavam na missa, muito elegantes. Os arredores tem prédios residenciais de alto nível sócio-econômico.

A comida em Londres eu diria que copia o melhor daqui e dali dos países europeus, tem opções para todos os gostos. Mas o tradicional Fish and Ships eu amei!!!!!!! Maravilhoso! O tempo estava frio, porém não estava desagradável em final de abril foi uma época boa, peguei dias bonitos, pouca neblina, estava esperando que essa questão do tempo fosse pior, dei muita sorte!



Super recomendo Londres aos viajantes. É uma cidade, culta, clássica e divertida. Além disso, o pouco que conheci dos ingleses me pareceram muito bem educados, não reparei nada de frieza que dizem deles. Quero muito voltar um dia!

 

 

domingo, 21 de agosto de 2022

Livro A sutil arte de ligar o foda-se

 

A sutil arte de ligar o foda-se

O título desperta a curiosidade de cara, mas também pode afastar de cara os leitores mais conservadores. Eu tive um pouco das duas reações.

Comecei a ler o livro pela primeira vez porque tinha ele em casa, minha mãe havia ganhado ele de presente. A princípio achei todo o primeiro capítulo muito repetitivo, não estava a fim de ler autoajuda e então parei.

Um ano depois ganhei o mesmo livro de presente e resolvi lhe dar mais uma chance, continuei de onde tinha parado.

Agora sim posso escrever sobre ele: LEIAM! Realmente é uma estratégia bem pouco convencional para uma vida melhor sob um ponto de vista realista e diferente de todo livro que eu já tinha lido(não foram muitos, rs).

Os pontos positivos foram que o autor Mark Manson conta sobre seu próprio processo de amadurecimento (sem cronologia) com sua visão de homem depois de fazer besteiras que todo adolescente faz. Ele intercala os fatos de sua vida com casos de pessoas famosas e estudos de psicanálise.

·      Achei isso muito bom porque, para mim, às vezes é muito difícil compreender o cérebro masculino (sem querer generalizar) e gostei de olhar as coisas sob outro ponto de vista, é bom fazer isso mesmo que não concorde com tudo.

·      Ele também cita casos muito curiosos e inusitados de pessoas famosas e que eu nem imaginava e achei divertido.

E dá pra notar que existe um estudo do autor, exposto em alguns momentos, não ao ponto de deixar a leitura chata e pesada.

Ah, e tem outro ponto forte para comentar! Você alguma vez já achou que estava fazendo a coisa certa em qualquer área da sua vida ou situação? Seus amigos te apoiaram, mas você repensa, ainda tem alguma dúvida e precisa que alguém te dê um tapa na cara e diga que você está errado? O livro te dá esse tapa na cara. E, por incrível que pareça, isso é maravilhoso para destravar sua vida, para te fazer resolver seus problemas e agir com humildade diante do mundo.

Eu gosto de olhar as coisas por diversos pontos de vista, então, indico para pessoas como eu, para as mulheres entenderem um pouquinho sobre os pensamentos dos homens e para os homens eu também recomendo muito para que se espelhem e para lidar melhor com os problemas da vida. Não é à toa que o livro foi um sucesso de vendas e deu origem a outros volumes.

domingo, 7 de agosto de 2022

Jane, The Virgin - Comentários de uma fã

 

Jane, The Virgin – SINOPSE/COMENTÁRIOS/PERSONAGENS

A série Jane, The Virgin ou, “Jane, a virgem” é uma série de comédia e romance disponível na Netflix em cinco temporadas, cheia de altos e baixos, muuuitas emoções e reviravoltas.  Ahh, tem também assassinatos e investigação policial, mas algo tão fictício que nem dá pra se amedrontar com esse aspecto, o que é um ponto positivo pra mim, porque não curto muito ficar com medo nas minhas horas de lazer, já bastam os noticiários da vida real.

Resumindo a história, Jane tem um filho que foi gerado por uma inseminação artificial feita por engano e acaba se apaixonando pelo pai do filho dela, mas ela já era apaixonada pelo seu namorado e eles estavam prestes a noivar, além disso, ela sempre teve em mente planejamentos muito “certinhos” para sua vida e sonha em ser escritora. Mas o drama não se desenvolve só na vida da Jane, e sim, de todos os personagens coadjuvantes da série, que trazem situações sentimentais muito comuns na nossa vida real. E existe um grande vilão/vilã (eu diria quase onisciente) que percorre as 5 temporadas atrapalhando a vida das pessoas de bem. Essa ideia só podia ser de origem latina, os latinos são tão legais! A série foi adaptação de uma telenovela venezuelana. Na ficção, a família da Jane também é da América Latina estrelada por Gina Rodriguez como Jane e outros atores e atrizes ótimas além da participação especial de cantoras, atrizes e escritoras muito famosas.



O grande ponto positivo da série, ao meu ver, é a caracterização dos personagens, cada um é incrivelmente bem pensado, parece que foi feito um bom estudo de arquétipos para criá-los, o que me faz dar gargalhadas. No entanto, mesmo sendo um pouco caricatos, eles são muito reais!!! Sabe... como eu posso dizer? Ao longo das 5 temporadas você vai identificando alguém na sua vida que se parece com um personagem da série. Isso é muito legal!!! Ah! E a caracterização do narrador também é ótima com seus comentários pessoais e parciais. ; )

Com base nisso, vou fazer uma brincadeirinha. Por gostar de estudar arquétipos de pessoas, andei pensando em qual seria o signo de alguns personagens de “Jane, a virgem”. Quem já assistiu, comente aqui se vocês concordam comigo ou se tem outras sugestões para os mesmos personagens ou para outros também.

Jane: Áries porque está sempre a mil por hora e tem muita iniciativa e ansiedade.

Xiomara: Touro porque gosta dos prazeres da vida.

Rogerio de la Vega: Leão porque se ama e se acha perfeito.

Rafael: Libra porque costuma ser justo, é sensível e gentil.

Petra: Escorpião porque é durona e tem um fogoooo...

Michael: Capricórnio porque é focado no trabalho.

Alba: Virgem porque tem os pés no chão e uma opinião conservadora e organizada.

Luiza: Peixes, porque está sempre no mundo da lua.

Narrador: Câncer, ele é super sentimental.

Será que eu acertei? Comentem!

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Jane, the virgin - TEMPORADA 5


 

Jane, The Virgin – TEMPORADA 5


Primeiramente só leia este texto se você já assistiu pelo menos até o capítulo 4 da 5ª temporada da série!!! Porque eu vou dar muitos spoilers, e quero que vocês assistam antes, quero muito que vocês assistam a série!

 

 

 

 

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Tem certeza? Então vamos lá!

Vou ser direta, como a Petra é: não estou gostando da 5ª temporada! Gente, até ficção tem seus limites... A Petra ser bissexual? Nada a ver! Até a irmã gêmea era melhor que a Petra bissexual. Na verdade, a atuação da gêmea era ótima hahaha... A ideia que era forçada, mas tudo bem, é uma novela. Agora... que história é essa de o Michael não estar morto???? E, pior que isso, a Jane, depois de estar ótima com o Rafael, ainda ter dúvidas sobre se sente algo por ele e se poderiam “dar certo” denovo!?! Eu fiquei com muita raiva dela (eu acho que pela primeira vez).

Minha opinião Michael x Rafael.

Eu só gostava do Michael antes porque ele era muito apaixonado por ela e fazia de tudo por ela e era amigo, conhecia bem ela e respeitava e era romântico. Mas, sempre teve um problema: não conseguia de fato se afastar do trabalho de detetive, mesmo que isso afetasse a Jane. Então, ele preferiu investigar e não contar a ela, o que pra mim é inadmissível em um relacionamento sério. Ah, e ele era “vítima” da inseminação artificial da Jane, então eu tinha pena também.

Já o Rafael sempre foi um cavalheiro, nunca prometeu algo que não pudesse cumprir, sempre esteve apoiando a Jane, de fato, em todos os momentos e Jane o apoiando também. E eles se divertiam muito juntos ele passou a conhecê-la e respeitá-la com o tempo e conquistou a família dela também, era super romântico e faziam planos juntos, estava tudo muito concreto, a Jane estava segura dessa relação como nunca antes (e nós espectadores também) .

Como ela pôde cambalear por causa de lembranças de 4 anos atrás? E como acreditar em algo novo com o cara antigo depois de estar em um relacionamento seguro? Bom, eu não sentiria mais nada pelo Michael, mesmo ele recuperando suas memórias depois da amnésia. Na verdade eu nem tentaria ajudar ele a lembrar (estou sendo crual?). Nesse ponto eu concordo totalmente com a Petra, cada um segue sua vida.

Ele estava indo embora seguir a vida dele e com um simples olhar ela reconhece que ele se lembrou de tudo e vai correndo atrás dele? Ahh não! É demais pra mim... É claro que eu se fosse o Rafael não aceitaria mais desculpas da Jane se ela decidisse que não queria mais o Michael e sim ele. Até a protagonista merece uns tapas na cara de vez em quando. Eu me sentiria sendo colocado em plano B pela segunda vez, isso é horrível! Mas é isso né... Se não fosse, não teria 5ª temporada... Vamos ver as cenas dos próximos capítulos... estou no sétimo.

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segunda-feira, 21 de março de 2022

Tragédia em Petrópolis 2022 - PARTE 2

 

PÓS-TRAGÉDIA PETRÓPOLIS-RJ

Três momentos após a tragédia da chuva de 15 de fevereiro de  2022.

Petrópolis, 18 de fevereiro de 2022.

Em Petrópolis estamos todos muito comovidos com os desastres causados pelas chuvas desde 15 de fevereiro de 2022. Escrevo desde 15 de fevereiro porque aqui chove sempre. No dia seguinte à tragédia fez sol o dia inteiro, mas no fim da tarde do dia 17 começou a chuva novamente de leve a moderada e continuou chovendo até o fim da tarde do dia 18, com poucas pausas. Então, o solo se manteve bastante encharcado com mais riscos de deslizamentos e enchentes.

A Igreja de Santo Antônio já estava com mais de 240 pessoas abrigadas e também outros templos religiosos foram os primeiros a acolher sobreviventes após o dilúvio. No dia 17 mesmo houve mais um alerta de risco de desabamento de uma grande rocha na Rua 24 de Maio, centro e muitas pessoas tiveram que deixar suas casas.


Próximo a esse local, a mídia estava mostrando que podia se ver água escorrendo como uma cascata onde antes não havia. Além disso, teve um leve alagamento nas margens do Rio Quitandinha, Rua Coronel Veiga, que é onde costuma encher primeiro e um desabamento menor no bairro Vila Militar dois dias depois da grande tragédia. 



Eu, que moro em uma rua segura no centro, durante mais de 48 horas escutava helicópteros, gritos e sirenes de ambulâncias e bombeiros sem parar. Até dia 18/02 havia confirmação de 117 mortes na cidade inteira e 116 desaparecidos. Mas quem viu de perto tudo isso acontecer, já sabia que o número de vítimas fatais seria muito maior. Se, para mim a angústia de duas a três horas sem saber onde estavam pessoas queridas pra mim foi imensa, fico imaginando 3 dias! Tudo está chegando muito devagar para o mundo. O Brasil inteiro está comovido e outros estados começam a enviar ajuda. O dia 16 foi de muitas buscas principalmente no Morro da Oficina, mas só encontraram cerca de 40 corpos.  Recebemos vídeos em tempo real nas redes sociais e na televisão dos voluntários fazendo buscas e apenas cerca de 3 bombeiros em cada local. Apenas sexta (18/02) os bombeiros chegaram a alguns bairros como Caixambu, que também teve casas soterradas. Há muita reclamação da falta de homens treinados para escavar, revolta e angústia de pensar que pode haver pessoas vivas dentro de casas que foram soterradas. Falta também maquinário mais pesado para a remoção de terra, mas os especialistas alegam que seria mais perigoso colocar veículos pesados lá.

Ainda sobre dia 15, duas amigas me contaram sobre o livramento que tiveram por não terem comparecido a consultas médicas. No meu caso, também considero uma bênção estar bem em casa e com toda minha família e conhecidos vivos e bem, e com o bônus de meu pai ter conseguido ainda recuperar o carro que teve que abandonar na rua. Apenas uma colega teve ferimentos ao ficar soterrada, só com peito e cabeça pra fora, mas passa bem. Eu já tinha ido pelo menos uma vez em todos os locais que tiveram desabamentos (Castelânea, Alto da Serra, Chácara Flora, Caixambu, Morro da Oficina, Floresta e Vila Militar) e conheço pessoas que moram nesses locais.

Catástrofe, tragédia, estado de choque e cenário de guerra são alguns termos para descrever o que estamos vivendo. Temos muitos depoimentos de pessoas que tiveram perdas em diversos pontos da cidade.

 

Petrópolis, 21 de fevereiro de 2022.

Nas histórias da mitologia grega sempre os grandes fenômenos naturais são resultado da ira ou da desordem dos deuses e titãs. Dá até vontade de acreditar nesses contos. A tragédia de Petrópolis em 15 de fevereiro de 2022 foi, sem dúvida, a maior que eu já presenciei tão de perto e se compara com os casos das Barragens de Mariana e Brumadinho em Minas Gerais. Para quem está longe é mais fácil seguir a vida normalmente sem se afetar tanto. No entanto, seis dias após o grande estrago eu ainda via as ruas do centro com o aspecto de uma grande fazenda, com muita terra por cima do asfalto e das calçadas.



A cidade ainda de luto, casas inteiras soterradas, realmente é tudo muito delicado e triste. Eu não tinha noção de até quando somente as atividades essenciais iriam funcionar porque o trânsito ainda estava impossível em alguns pontos. Saí à pé apenas duas vezes para entregar e ajudar com algumas doações e, a terceira vez (segunda-feira 21 de fevereiro), fui até a casa dos meus avós que moram sozinhos e têm mais de 85 anos e moram perto. A cada relance uma tristeza no centro da cidade porque eu via sapatarias, óticas, farmácias e outras lojas diversas com prateleiras vazias e os funcionários fazendo limpeza do interior e das calçadas e selecionando a mercadoria que não foi perdida. Outras ainda com as vitrines respingadas de lama, vi até um caminhão estacionado dentro de uma galeria recolhendo terra e já estava cheio.



Dois pontos de comércio na Rua do Imperador


A partir do dia 19, começamos a ver mais homens do corpo de bombeiros, militares e cães farejadores atuando nas buscas, além de equipamentos pesados para a limpeza da cidade e restrição do acesso de pessoas que não moram nas regiões de buscas. Os dados de 21 de fevereiro eram aproximadamente: 180 óbitos, muitos desaparecidos, 24 pessoas resgatadas com vida e 14 pontos de apoio para receber pessoas desabrigadas. Acredito que depois de seis dias, as chances de encontrar alguém com vida sejam quase nulas. Contudo, as buscas continuam e dia 21/02 foi o 2º dia de sol firme desde dia 15.

Felizmente há muita mobilização das pessoas para ajudar com mantimentos, roupas e até com arte para distrair as crianças, adultos e idosos que estão nos abrigos. Outra notícia boa é que um grupo de mulheres presidiárias de Bangu estão customizando roupas novas que foram apreendidas por pirataria e essas roupas serão doadas para as vítimas de Petrópolis (mais de 800 pessoas tiveram que abandonar suas casas e estão abrigadas nas escolas públicas da cidade). As presidiárias fazem serviço social de reabilitação e as pessoas são ajudadas, o que é lindo. Cada um ajuda como pode, o importante é ajudar.

 

Petrópolis, 21 de março de 2022

A tragédia de fevereiro de 2022 em Petrópolis não foi causada por apenas um fator, e sim um conjunto de motivos como: falta de manutenção dos túneis de escoamento das águas dos três rios que cortam a cidade, moradias irregulares, avisos tardios de evacuar áreas de risco, mudanças climáticas e descaso. Um mês depois, o número oficial registrado de vítimas fatais da tragédia foi 233 pessoas e quatro ainda desaparecidos. As imagens que podem ser vistas de vários pontos da cidade parecem feridas abertas. 


Dia 3 de março (centro)


Li algumas matérias escritas de especialistas dizendo que Petrópolis não foi feita para “crescer” tanto desordenadamente, apesar de ter sido a princípio uma cidade planejada. Cá entre nós, não precisa ser especialista pra chegar a essa conclusão, está muito claro para quem observa e para quem mora aqui essa informação é totalmente desnecessária. Depois desse acontecimento, muita gente está querendo sair daqui por medo, medo de ficar em casa e medo de sair e não conseguir voltar, medo de perder repetidas vezes o que foi investido no comércio, etc.

No entanto, eu penso que, se nós (meros mortais) temos capacidade de fazer tantas coisas, também temos capacidade de estudar para fazer bons planejamentos de urbanismo para as atuais conjunturas. Então, o pensamento correto deveria ser “já que a cidade está crescendo, precisamos adaptá-la porque mesmo que a força da natureza seja muito maior que a nossa, algumas coisas poderiam ter sido evitadas e realmente o poder público é muito lento! A sociedade civil tem resolvido o que está a seu alcance com muito mais empenho.

Passou o feriado de carnaval, que este ano foi na primeira semana de março, e retomamos nossas atividades presenciais. A cidade teve ruas bastante danificadas o que fez com que o trânsito também ficasse alterado sem grandes obras de restauração das vias ainda.

·     Na Rua do Imperador, que é a principal via do centro da cidade, muitas lojas, farmácias e agências bancárias fecharam e não reabriram mais.

·     Foi feita a implosão de algumas rochas que estavam ameaçando moradias ou obstruindo ruas.

·     A prefeitura conseguiu um prédio para abrigar pessoas, mas não todas. Algumas famílias que perderam suas casas conseguiram o aluguel social e outras continuam nos abrigos. Além disso, quase foi comprado pelo governo da cidade um terreno para construir moradias, mas descobriu-se que era uma reserva ambiental e que há uma nascente no local, o que o torna totalmente inadequado para construir casas. É inacreditável! Ainda bem que descobriram e jogaram na mídia séria. É preciso muito estudo sobre urbanismo, rios, vegetação, etc para que seja feito um bom planejamento de forma geral.

·     As escolas públicas voltaram a receber alunos no dia 7 de março porque estavam servindo de ponto de apoio para pessoas desabrigadas.

Na última quinta-feira, dia 17 de março, 30 dias após a tragédia de fevereiro de 2022 passei à pé por uma das ruas que dão principal acesso ao centro para quem vem de outras cidades (Washington Luiz), no exato local onde caiu uma barreira que fez com que o nível do rio aumentasse muito e causasse um tipo de tsunami (termo usado pelas pessoas que estavam no ônibus) e que inundou dois ônibus no dia 15 de fevereiro e provocou vítimas fatais. Uma das imagens mais chocantes e tristes em um vídeo que viralizou, mas que eu não tenho.


Podemos ver que a prefeitura resolveu o mínimo do mínimo para a cidade voltar a funcionar porque ainda há montes de terra obstruindo calçadas nos barros (como Valparaíso), os corrimãos das pontes continuam caídos, faixas e tapumes protegem as pontes, fiação de energia que caiu ainda não foi retirada dos locais e os rios continuam cheios de lixo (só foram removidos os corpos e veículos).



Nós que moramos em Petrópolis já sabemos que temos que ter um modo de vida peculiar, especialmente quem mora há mais de 30 anos sabe muito bem disso. Por exemplo, chuva de verão é torrencial e sempre causa inundação, então, quando a chuva engrossa já se sabe que deve evitar sair de casa, até para ir para a escola ou trabalhar se for possível. É normal ter medo de chuva por aqui e quando as nuvens se aproximam os ânimos já ficam alterados.

Ontem, 20 de março de 2022, começou oficialmente o outono trouxe uma frente fria (que foi avisada pela previsão do tempo) e eu fiquei esperta e cancelei qualquer saída de casa. Chove de leve a forte com poucas pausas desde ontem às 14hrs no centro de Petrópolis e em vários baixos, chegando até os distritos onde costuma chover menos. Os rios rapidamente encheram e transbordaram novamente, mas desta vez havia poucas pessoas nas ruas (menos mal). De qualquer forma, já se tem notícias do desabamento de uma casa, 5 pessoas mortas 3 desaparecidas e 95 ocorrências de deslizamento de terra até agora.


Rua do Imperador ontem


    Hoje chegou até ao Parque de Itaipava

Apesar da previsão do tempo nacional ter avisado com antecedência desta vez, as sirenes de alerta local só são dadas depois que a chuva perigosa já começou (tanto no mês passado quanto ontem). Agora Petrópolis tem estado em todas as notícias, mesmo assim pouco foi feito pelo governo de Rubens Bomtempo. Eu odeio ser partidária, mas acho importante compartilhar essa informação. Será necessário que a gente cobre ações das autoridades para resolver os problemas estruturais sempre, é preciso muita reforma por aqui.

Também vou relatar duas curiosidades felizes desse período de pouco mais de 30 dias. Um bebê nasceu dia 20 de fevereiro em um abrigo no bairro Dr. Thouzet, em seguida mãe e filho foram encaminhados para um hospital e ficou tudo bem. Uma gatinha foi resgatada com vida depois de nove dias soterrada nos escombros do Morro da Oficina e lhe foi dado o nome de Vitória, nome que representa não só a salvação dela como a sensação de todos que estamos vivendo esses momentos dramáticos com fé de que as coisas melhorem. Gratidão pela ajuda, preocupação e solidariedade de todos.


sexta-feira, 4 de março de 2022

De volta aos 15 - Crítica (positiva) - Review

De volta aos 15

 

Acabei de maratonar a primeira série da minha vida. É sério! Descobri pela própria atriz Camila Queiroz no programa do Faustão na Band e já gostei do tema de cara. Comecei ontem assistindo aos dois primeiros capítulos e vi mais quatro hoje, fechando a primeira temporada. A série é “De Volta aos 15” e estou AMANDO!!! Espero que venham as próximas temporadas! A história é baseada no livro com o mesmo título da autora Bruna Vieira.

A história mexeu comigo, de verdade, me identifiquei demais, até porque se passa entre 2006 e 2021 com uma menina de 15 a 30 anos que viveu sua adolescência em uma cidade do interior. A série retrata tudo como era (com primor!) utilizando as músicas que bombavam na época, por exemplo, as tendências que estavam nascendo e que explodiram agora, como as redes sociais, as festinhas e o modo de vida da época em geral.

Os episódios passam uma mensagem muito verdadeira: as escolhas que você faz hoje determinam seu amanhã. O seriado brinca com os diversos possíveis amanhãs, dependendo das escolhas que os personagens fazem ou que são levados a fazer a partir de uma simples mudança de atitude da personagem principal: Anita, interpretada por Maisa Silva e Camila Queiroz.

Falando nas atrizes principais, eu gostei muito do trabalho delas! O trabalho dos atores em geral foi incrível na caracterização dos personagens (é muito bom ver a juventude brasileira trabalhando assim) porque cada um mantém sua essência, mesmo mudando as circunstâncias e o tempo (e os atores). Sim, dois atores de gerações distintas interpretam cada personagem e realmente parece que são a mesma pessoa! A caracterização de adereços, maquiagem, etc ajuda muito, mas de qualquer forma eles se entregaram a esse trabalho e estão de parabéns com o resultado.

Eu destaco: Maísa Silva – Camila Queiroz, Amanda Azevedo - Mariana Rios, Caio Cabral – Breno Ferreira, e também particularmente Klara Castanha, Pedro Vinícius, João Guilherme e Antônio Carrara. Também os mais experientes Felipe Camargo e Luciana Braga.







 Super recomendo para todo esse pessoal que tem mais ou menos de 12 até 35 anos hoje. Bom cineminha e me contem aqui nos comentários o que acharam!

#séries #seriebrasileira #teen #devoltaaos15 #streaming #series

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Tragédia de Petrópolis 2022 - PARTE 1

 

TRAGÉDIA EM PETRÓPOLIS-RJ

Petrópolis, 15 de fevereiro de 2022

 

A partir das 15h45 do dia 15 de fevereiro de 2022 começou a chover muito forte em Petrópolis. Eu havia acabado de entrar na academia de dança no bairro Valparaíso para fazer o meu treino de balé com minha professora Marion e uma colega. Ficamos preocupadas com o volume de chuva, muitos raios e o tempo que estava durando esse temporal.

Meu namorado me mandou mensagem às 17h10 perguntando se eu estava em casa e ele disse que estava no posto da Rua Treze de Maio, no centro, onde ele pega ônibus pra ir pra casa no fim do trabalho, que a bateria do celular dele estava acabando e que ele sairia de lá quando os ônibus voltassem a andar, mandou também um vídeo de 5 segundos da rua e uma foto que parecia ser da outra rua mais adiante que ele pega pra ir pra casa dele e que passa um rio no meio. Isso me deixou confusa se ele estava dentro ou fora de um ônibus. Às 17h30 ele escreveu também que a cidade estava com alguns pontos de alagamento e que não tinha como ir pra minha casa também porque não dava para passar por perto da Catedral. As mensagens foram poucas e confusas por causa da bateria do celular. Minha avó também me mandou mensagem às 17h10 perguntando se eu estava bem e dizendo que meu pai tinha deixado ela em casa, mas ainda não tinha conseguido chegar à nossa casa.



RUA 13 DE MAIO

Saímos da academia de ballet às 18h porque vimos que as condições não estariam boas para eu voltar pra casa mais tarde com tanta chuva e possibilidade dos rios encherem, então cancelamos as próximas aulas do dia. Ao sairmos vimos tanta água caindo do céu que pareciam estar jogando baldes, também caindo das calhas e das escadinhas parecia uma cascata e parte do asfalto com bastante água descendo. O carro da Marion estava estacionado do lado e vimos que uma pequena árvore tinha caído em cima dele e um pouco de terra no lado do motorista, de forma que tivemos que entrar as duas pelo lado do carona e ela ficou muito nervosa, mas só deu um pequeno arranhão e tivemos sorte de conseguir sair sem atolar. Descemos a rua até onde conseguimos, na altura do cemitério, e eu mandei um pequeno vídeo pra minha mãe, pai e namorado pra avisar que o trânsito estava intenso e parado e com muita chuva.


PRAÇA OSWALDO CRUZ

Quando começamos a pensar em voltar e fazer outro caminho, a fila andou um pouco e ela se ofereceu pra me deixar mais perto de casa (na Praça da Liberdade) antes de seguir o caminho dela. Pensei nessa hora em ela pegar meu namorado e deixa-lo no caminho dele porque iriam tudo na mesma direção, mas andamos quase nada. Paramos, e tivemos que seguir o caminho para a casa da Marion porque para o lado da minha casa as pessoas da frente falaram que estava tudo alagado e todo mundo mudou a direção. Então paramos novamente e eu vi que ia demorar porque pra qualquer lado tinha rios e estavam todos cheios, os carros estavam desligados. Comprei um biscoito e um café pra nos aquecer porque estávamos encharcadas só de ter andado com guarda-chuva da porta do Studio até o carro que estava ao lado. Ficamos paradas na Rua Montecaseros de 18h até 20h mais ou menos.

As pessoas que chegaram perto do rio disseram que a correnteza estava na altura do peito de um homem. Esse foi o 1º dia de aula presencial de muitas crianças depois de 2 anos de pandemia. Na rua onde estávamos, havia muitas crianças pequenas na escola, estávamos na parte alta da rua, seguras, mas quero ressaltar que estávamos em horário comercial, então estavam todos nos seus trabalhos e ficaram presos assim como muitos pais não conseguiram ter acesso para buscarem os filhos na escola. Foi aí que eu comecei a ter ideia do tamanho da confusão.

Às 18h30 a chuva parou por ali onde estávamos e eu estava nessa meia horinha me comunicando com todos: meu cunhado, cunhada, meu pai... Pedi pra meu pai mandar vídeo de onde ele estava. Ele disse que estava na Rua Teresa e eu não entendi porque ele estava lá porque não tinha nenhuma explicação óbvia pra isso. Consegui saber que meu cunhado e cunhada estavam bem também apesar de que só falei com ele que estava no trabalho. Eu também comecei a ver mensagens de grupos de whatsapp que não tinha pressa de abrir porque costuma ter só brincadeiras de amigos, mas tinha muitas mensagens de vídeos chocantes mostrando o que a chuva estava fazendo na cidade. Uma amiga desse grupo, inclusive havia saído para buscar a filha na escola e ficou ilhada no centro.



BAIRRO
CENTRO

 

Meu pai primeiramente não quis mandar foto, mas um pouco depois mandou um vídeo de 5 segundos mostrando que ele estava bem, mas o local que ele estava fora do normal com trânsito completamente parado, carros abandonados, o carro dele sem saída, uma barreira tinha caído e ainda chovia. Depois ele escreveu que estava em uma oficina mecânica. Aí fiquei sem conexão de internet e ligação. Então liguei pra minha mãe pelo celular da Marion, minha mãe estava tranquila. Meu pai tinha me deixado no bairro Valparaíso, levou minha avó na clínica de olhos, ainda conseguiu deixá-la em casa às 16h30 e foi pra casa dele pela Rua Teresa porque quando passou pela Rua do Imperador (a principal do centro) ela já estava quase cheia e a Rua Teresa é mais alta, mas eu não sabia nada disso e evitei falar mais com minha avó pra não deixá-la preocupada.





RUA TERESA

A partir de 19h, enquanto esperávamos o nível do rio baixar a gente saiu do carro e conversamos com algumas pessoas e elas já estavam falando que caíram duas barreiras no bairro Alto da Serra: a da Rua Teresa (onde meu pai estava) e outra no Morro da Oficina (esse é o nome do local) com muitas casas em situação de risco e muitos moradores, inclusive uma escola soterrada. Ouvimos fake news também, por exemplo que caiu um prédio na Rua Paulo Barbosa, que é a rua que eu moro e onde minha mãe estava. Fiquei apavorada e liguei pra ela, ainda bem que ela estava bem, porém não conseguia ver muita coisa da janela e só ouvia umas pessoas gritando e olhando pra o começo da rua. Da onde eu estava, dava pra ver na rua de baixo um caminhão abandonado, e ônibus estacionados ao nosso lado na descida, não deu pra mostrar muito bem nos meus vídeos porque já estava muito escuro. Eu fui ao banheiro de um petshop e encontrei uma conhecida que não sabia que trabalhava lá, estava tudo bem com a família dela.



 MORRO DA OFICINA


 
RUA MONTECASEROS

Como eu estava em uma rua praticamente paralela à que meu namorado estava ilhado, tentei de toda forma entrar em contato, mas realmente ele estava com o celular descarregado. A última mensagem que chegou pra ele foi às 18h40. Ele: “Ainda na 14” (saiu 14 em vez de 13 mesmo) e eu: “E eu ainda perto da Montecaseros. Sua irmã está bem?” Ele parecia estar com esperança de os ônibus voltarem a correr e as mensagens dele estavam muito confusas, provavelmente por causa da bateria fraca.

Às 20h30 o nível do rio baixou e meu pai conseguiu chegar em casa e ligar para o celular da Marion pra falar comigo.


VÍDEOS CAMIMHO PAI

Ela me deixou exatamente na rua onde ele estava porque foi o local mais a caminho da minha casa e seguiu o caminho dela. Eu tentei olhar todos os rostos que pude, mas não o encontrei, tinha muita gente começando a andar, todo mundo parecendo medigo, e “meti o pé” pro meu caminho porque podia voltar a chover. Pensei que o William, meu namorado, também teria começado a ir à pé pra casa dele. Tentei ir o mais rápido que pude. Isso era 20h40, até tirei rapidamente algumas fotos de coisas inimagináveis no centro histórico como um carro na beira de cair, os corrimãos das pontes da frente da Catedral desmoronados, as grades das casas caíram também e muita lama, o jardim na frente da Câmara de Vereadores tinha virado um lago, saía muita água de dentro das portas de vidro da secretaria de turismo e do Instituto Municipal de Cultura, parecia uma fazenda, eu nunca sequer poderia imaginar tamanho estrago. Ouvia também pessoas gritando que estavam vendo uma perna flutuando e coisas do tipo. As equipes de resgate agora que estavam começando a chegar porque não tinham conseguido passagem antes também.

VÍDEOS IMC


E MEU TRAJETO NO CENTRO



AVENIDA KOELLER

Chegando ao Theatro Dom Pedro no centro, entrei pela Nilo Peçanha, uma rua estreita porque achei mais curto o caminho pra casa e parecia desimpedida (não tinha visão do obelisco, acho que tinha um ônibus abandonado na frente ou muitos carros). Então, todo mundo começou a correr e a gritar “Arrastão!” Eu fiquei chocada porque “Como poderiam roubar as pessoas sem ter nem pra onde levar os materiais? e “De onde teriam aparecido esses bandidos?”. Fiquei com medo de morrer de tiro no meio desse desastre, que coisa absurda! As pessoas estão ficando loucas mesmo. Estava todo mundo sem saber pra onde ir. Entrei no primeiro local seguro que encontrei uma lanchonete, porque pra onde eu olhava (clínicas e coisas assim) as pessoas estavam do lado de fora ou atrás de grades, o que não protege de assalto. O funcionário abaixou o portão e estava com duas facas na mão ameaçando cortar o pescoço de quem estivesse fazendo arrastão. Eu fiquei em pânico! Ali só tinha eu, duas funcionárias mulheres, dois funcionários homens e uma pedestre. A transeunte se abaixou e começou a chorar, eu respirei e pensei que estava tão perto de casa que devia sair logo dali. Pedi pra fazerem silencio para não saberem que a gente estava ali dentro. As pessoas ainda corriam e gritavam do lado de fora. Em cerca de 5 minutos os gritos pararam, eu tomei coragem e saí. Vi mais pessoas apavoradas no caminho.


VÍDEO ARRASTÃO

Consegui chegar ao meu prédio às 21h50. Havia muitas pessoas abrigadas dentro da galeria onde moro. Meu celular voltou a pegar, eu me limpei porque estava suja de lama até o joelho, tomei banho e vi que ainda não tinha mensagens do William. A irmã dele que mora ao lado dele estava em contato comigo. Acho que ela não estava sabendo a proporção do estrago que estava acontecendo, assim como minha mãe. Sorte delas! Fiquei sabendo por contatos que passaram pela rua onde ele precisava passar, que um poste havia explodido e uma parte do asfasto havia caído. Fiquei nervosa e extremamente preocupada, as horas estavam passando muito lentamente e ninguém conseguia me acalmar.

Na hora que eu acabei de fazer a primeira oração do terço ajoelhada, às 23h58, a Josi, cunhada, avisou que ele chegou. Até chorei de alívio. Liguei e nos falamos. Alguns amigos de outras cidades já estavam sabendo o que estava acontecendo em Petrópolis, me perguntando e eu mandei mensagem avisando que estava bem, alguns conhecidos daqui também. E assim, por volta de 2h da madrugada eu consegui dormir, depois de ter deixado alguns alimentos para o porteiro que estava há quase 24h em serviço e eu sabia que não iria conseguir sair daqui tão cedo.

A tragédia de 15 de fevereiro de 2022 ficará na lembrança dos moradores de Petrópolis para sempre. Acompanhe na próxima publicação mais detalhes dos dias posteriores.