domingo, 27 de outubro de 2013

Poema (5)

Eu sei que fico
Mas o meu sonho irá
Metido na garrafa bem rolhada
Que um dia hei de atirar ao mar.
Eu sei que fico
Mas meu sonho irá...
Nos veleiros que desenho na parede

Aguinaldo Fonseca

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Difícil amor

Como uma mulher diz pra um homem
“Se tu me quisesses, eu te quereria.”?

Rosamarina Quadros

domingo, 13 de outubro de 2013

Poema (4)

Belo amor
Eu queria poder escrever alguma coisa
bela.
Pois a vida não é fácil
Mas, temos que fazê-la bonita

Amar é vencer
Amor, amante, amado, amigo
Façamos da vida beleza!
Rosamarina Quadros

domingo, 6 de outubro de 2013

O Último Suspiro




“O último suspiro” é um trabalho realizado pelo artista, amigo e colega Diego Holanda, atual estudante de artes visuais na UERJ. A animação foi inspirada no quadro impressionista “O Rio Sena na Ponte de Léna” de Paul Gauguin.

Um sopro de vida,
Movimento suave da tarde
de um dia frio.    
Em preto e branco,
Paris no século XX.
O pensamento voa,
pequeno instante onde tudo acontece
naturalmente.
É na simplicidade
que podemos ver
as coisas mais belas.
Rosamarina Quadros

sábado, 5 de outubro de 2013

Sagração da Primavera

A Sagração da Primavera

Em 2013, a composição musical e balé A Sagração da Primavera completou um centenário de existência. Várias companhias de música e dança remontaram o espetáculo em comemoração. Por isso, aqui vai um texto que conta um pouco da sua história e características.

A Sagração da Primavera, do compositor russo Igor Stravinsky, subverte a estética musical do século XX, dando origem ao Modernismo. A célebre composição musical deste irreverente artista do século passado é hoje considerada um símbolo da musicalidade erudita, mas na época causou polêmica ao embalar o balé em dois atos criado pelo não menos rebelde Vaslav Nijinsky, coreógrafo também originário da Rússia.

Este espetáculo narra a trajetória de uma garota marcada para ser entregue como oblação à divindade primaveril, no auge de um ritual pagão, com o objetivo de conquistar para seu povo uma colheita proveitosa. Seu cenário foi arquitetado pelo artista plástico e arqueologista Nicholas Roerich, e a estréia se deu em pleno Théâtre des Champs-Élysées, na capital francesa, no dia 29 de maio de 1913.

Esta obra revolucionou praticamente todas as principais características da música de então, ou seja, o arcabouço do ritmo, a estrutura orquestral, o timbre, a forma, os aspectos harmônicos, a maneira como se utilizavam as dissonâncias, e o valor conferido à percussão, a qual sobrelevava a própria melodia, algo impraticável até este momento.

Não foi casualmente que esta peça escandalizou a sociedade da França em sua estréia. O público não sabia como assimilar tantas mudanças e subversões, não estava preparado para recepcionar positivamente esta nova estética. A proposta coreográfica também foi rejeitada, por seu caráter primitivista, pelo resgate da ancestral arte rupestre.

Sobraram vaias para todos os lados, e o caos se instaurou na platéia. Diversos músicos e maestros se retiraram do teatro logo no começo da representação, revoltados com a nova abordagem dos instrumentos. Atualmente a história de sua polêmica apresentação talvez seja mais conhecida que a obra em si.

O espetáculo é estruturalmente dividido em duas partes essenciais: a adoração da terra e o sacrifício. A orquestra é composta por 8 trompas entre 38 instrumentos de sopro. Tudo tem início com a execução de compassos de fagote, seguidos pelo princípio de uma musicalidade lituana, por um andamento sem nenhuma simetria e repleto de padrões complexos, e por um timbre raro nos instrumentos.

Ainda hoje sua natureza subversiva desnorteia o público, por seu teor provocativo e incivilizado. No palco desfilam cenas ancestrais e excêntricas, despertando em quem as assiste emoções aflitivas. Músicas de natureza folclórica distorcidas, uma feroz estruturação de ritmos totalmente independentes, harmonias politonais desagradáveis aos ouvidos, a rejeição drástica das frases longas, a transferência constante dos acentos rítmicos, a inebriante criação de novos timbres, são características que contribuem para o desconcerto do público. Mas também são aspectos que transformam A Sagração da Primavera em uma completa detonação de energia e vida.

A linguagem de Stravinsky centra-se principalmente no ritmo, totalmente destacado em sua estética, o núcleo essencial de sua obra. Ela também é caracterizada pela carência de foco e pelo declínio da narrativa, como já se prenunciava na literatura e na pintura. Da mesma forma que nestas esferas da criação, observa-se na Sagração da Primavera a renúncia ao universo da lógica e da objetividade, um reflexo do mundo moderno.


Pesquisa: http://www.infoescola.com/musica/a-sagracao-da-primavera/