quarta-feira, 13 de março de 2013

Trabalho de Arte



Trabalho de Arte

Este é um trabalho que eu fiz para o curso de História da Arte da UERJ a partir da Exposição “Impressionismo, Paris e Modernidade” que o CCBB proporcionou junto com o Musée D’Orsay de Paris. O trabalho foi dividido em duas partes. Era para escolher a obra que mais chamou a atenção e, primeiro, fazer um texto acadêmico, depois, um trabalho artístico em cima dele.

O quadro escolhido por mim foi “Scène de fête au Moulin Rouge” de Giovanni Boldini.


Devido à boa aceitação e aos elogios da segunda parte do trabalho, estou postando ele aqui.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Surgimento da arte romântica



O período de transferência da arte classicista para romântica.



        No fim do século XVIII intelectuais, primeiramente os alemães, começaram a se interessar pela cultura popular. Foi nessa época que surgiram termos como folk (povo). Havia o burburinho de que a cultura popular estava em desaparecimento e, por isso, foi descoberta bem a tempo, antes que caísse no completo esquecimento. Ainda não tinha acontecido a Revolução Industrial na Alemanha e em outros países, mas o crescimento das cidades e a alfabetização já provocavam uma transformação social visível.

Já no início do século XIX a canção popular passou a ser vista como patrimônio. Era algo de autoria coletiva, como as coisas da natureza. Cultura não era mais privilégio de uns poucos indivíduos refinados.

        Outras manifestações culturais populares também passaram a ser elegantes, como os contos. Vários volumes de contos foram publicados na Alemanha antes da famosa coletânea dos irmãos Grimm. A tendência se espalhou pela Europa.

        A descoberta da cultura popular teve impacto nas artes. Compositores e pintores passaram a se inspirar na arte popular. O interesse só não foi maior em objetos artesanais porque sua existência não estava ameaçada. A produção em massa ainda não acontecia em toda a Europa. Religiões e festas populares também fizeram parte da chamada “descoberta do povo”. Alguns nobres passaram até a participar dessas festas.

As razões para o movimento ter acontecido especificamente nesse período são estéticas, intelectuais e políticas.

A razão estética se refere ao artificialismo e à frivolidade da arte do período, o Classicismo. Agora o que os artistas queriam era o simples, o arcaico, o selvagem, o ingênuo.

A razão intelectual está ligada ao Iluminismo. As novas ideias são contra o elitismo e contra a ênfase na razão. Vê-se pelo respeito à religião popular.

A razão política também está relacionada ao Iluminismo, mais especificamente às questões nacionalistas. O que há de interessante em Herder e nos irmãos Grimm é que eles vêm no povo o espírito da nação. França, Itália e Inglaterra estavam muito ligadas às ideias iluministas e classicistas. Por essa razão, alemães e espanhois viam na cultura do povo uma fuga da influência estrangeira. Nessa onda, suecos, finlandeses, russos, gregos, poloneses, austríacos, belgas, holandeses escoceses e sérvios também buscaram suas identidades nacionais.

Os países com maiores tendências iluministas também acabaram fazendo pesquisas a respeito do seu povo. Porém, tardiamente e nem sempre com simpatia.

A herança que temos da cultura popular da idade moderna também contém interpretações errôneas e equivocadas. Sabemos que os antiquários eram poetas e os poetas, antiquários. Poetas tendem a criar. Foi o que fizeram em cima dos contos e canções populares ao traduzi-las para a língua oficial. A própria tradução naturalmente exige algumas mudanças de sentido, conceitos que fazem sentido para um grupo não fazem para outro. A criatividade e vaidade dos editores aumentou a disparidade entre o original e os contos e canções divulgados. Igrejas e festas também sofreram transformações.

Segundo Peter Burke, outra herança falha que temos é a falta de distinção entre o “primitivo e o medieval, o urbano e o rural e o camponês do conjunto da nação”.

Herder, os Grimm e seus seguidores afirmavam firmemente três hipóteses sobre a cultura popular. Primeiro, o primitivismo: uma permanência inalterada das tradições por milhares de anos; segundo, o comunitarismo: a predominância da comunidade versus indivíduo; terceiro, o purismo: a relação direta do povo com a natureza.

Esses pontos são questionados, principalmente porque é perfeitamente natural que ocorram modificações influenciadas pelas relações que existem e sempre existiram entre classes e povos diferentes.



Notas

  1. A cultura popular nesse contexto inclui as manifestações de toda a não elite como artesãos, camponeses, marinheiros, mendigos, mulheres e crianças. Peter Burke se baseia mais nos estudos de folcloristas e antropólogos do que em historiadores de cultura, que focalizam na cultura elitista.
  2. O termo “cultura” era visto como arte, literatura e música. Hoje, são considerados todos os costumes de uma sociedade. O livro fonte de pesquisa se detém a visão mais restrita do termo.



Fonte de pesquisa

Texto: “Cultura popular na idade moderna. Europa, 1500-1800”. Peter Burke.