sábado, 8 de setembro de 2012

Dança moderna e Dança Contemporânea


Dança Moderna e Dança Contemporânea

NÃO são a mesma coisa


Para quem não sabe, DANÇA MODERNA e DANÇA CONTEMPORÂNEA não são a mesma coisa. Ainda existe uma tendência de tratar como iguais esses movimentos entre leigos ou até mesmo amadores da dança.
Quero esclarecer aqui, superficialmente, as diferenças entre os dois gêneros. É necessário falar de História da Dança. Começarei com uma breve explicação sobre DANÇA MODERNA.
O contexto do mundo na época em que surgiu a DANÇA MODERNA era o entreguerras, primeira metade do século XX, um período também de automação do trabalho e de tensões sociais e políticas globais. No campo das Artes as Vanguadas Europeias surgiam com futuristas e dadaístas, por exemplo, e com o surgimento do que hoje chamamos performances. Tratando de Dança a CIA Ballets Russes de Diaghilev era uma das grandes companhias da época que viajavam pela Europa e América.
Isadora Duncan, nascida em 1877 nos Estados Unidos, foi quem estabeleceu os primeiros princípios do que veio a ser a DANÇA MODERNA. Ela foi a pioneira a se recusar ao formalismo de Ballet Clássico e passou a executar a dança como forma de libertação e de expressão de sua vida pessoal. Para Isadora a dança deveria acontecer a partir de movimentos naturais do ser humano, obedecer às leis da natureza à espontaneidade e aos sentimentos.
Ruth Saint-Denis e Ted Shawn aprofundaram os conceitos de Duncan na prática dessa nova dança. Foram eles que levaram a dança às universidades e formaram alunos que hoje são referência na História da Dança. Doris Humphrey e Martha Graham, discípulas da Denishawnschool promoveram o auge da DANÇA MODERNA. Graham se destaca por ter criado uma técnica completamente inovadora, que dialoga com o momento de tensão e depressão dos Estados Unidos e destaca as emoções.
As técnicas modernas se baseiam em alguns princípios como o RITMO, que acontece da relação entre corpo e espaço, a QUEDA (PESO) e RECUPERAÇÃO, EQUILÍBRIO e DESEQUILÍBRIO, EXPANSÃO e CONTRAÇÃO. Busca de um movimento inicial e da parte do corpo que dá origem aos outros movimentos. Além disso, o uso de GESTO para representar a força das emoções. Assim criaram uma dança autêntica do sentimento do homem americano em uma época de guerra, miséria e dor.
Outras técnicas de DANÇA MODERNA foram desenvolvidas nos Estados Unidos, onde, até os dias atuais os discípulos dos precursores difundem os estilos e formam bailarinos com características de cada escola.
A DANÇA CONTEMPORÂNEA está latente, é extremamente ampla em termos de campos de pensamento e fundamentos. Sua origem e data de início ainda não podem ser precisos, podemos considerar a segunda metade do século XX  no mundo ocidental. Podemos ouvir diversas nomenclaturas como ‘performance art’, ‘live art’, ‘happenings’, ‘eventos’, ‘body art’, ‘dança experimental’, ‘teatro contemporâneo’, ‘nova dança’, ‘performance multimídia’, ‘body instalation’, ‘teatro físico’, ‘independência’, ‘laboratório’, ‘dança conceitual’, ‘dança de rua’, ‘dança urbana’, ‘dança performática’, ‘dança/performance pós-colonial’ ou ‘dança teatro’.
A proposta da DANÇA CONTEMPORÂNEA pode ser quebra do virtuosismo, da ideia de espetáculo, pode ser urbana ou em qualquer espaço, questiona o corpo ideal, amplia o leque de biotipos do artista bailarino e a posição do espectador. Um ponto básico da DANÇA CONTEMPORÂNEA é indagar algo ao público, ela sempre questiona sobre alguma questão da atualidade, seja social, cultural, física, metalinguística, etc.
Quanto à técnica, ela não é definida. Não há um modelo de movimento. Ela pode se fundamentar no BALLET CLÁSSICO, na DANÇA MODERNA, nas práticas orientais, como IOGA, ARTES MARCIAIS, ou outras preparações físicas como o PILATES e trabalhar com a IMPROVISAÇÃO
O que faz ser DANÇA CONTEMPORÂNEA é a forma de pensar a dança. Ressalto que esta é a dança latente no mundo neste momento e, como qualquer assunto, essa poética, bem como a maneira de se ensinar a dança, precisa de um tempo para se consolidar e ser pesquisada, coisa que vem acontecendo com sucesso nas universidades brasileiras, através de congressos, encontros, seminários e outros eventos.

Rosamarina Quadros



Fontes de perquisa:
Livros:
História da dança no ocidente – Bourcier, Paul.
Dançar a Vida – Garaudy, Roger
A arte da performance – Guisberg, Jorge
Corpo, política e discurso na dança de Lia Rodrigues – Lima, Dani
Artigos:
De Helena Katz
De Airton Tomazzoni.

sábado, 1 de setembro de 2012