quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Leo (2006-2019)


Leo, lembranças

Era 24 de dezembro de 2006 quando ele nasceu para nós. Já tinha escurecido e chovia torrencialmente. Há algumas horas ninguém se atrevia a sair de casa, a família estava reunida para a ceia de Natal, mas, como toda chuva de verão, um hora ela pára, e então, alguém ouviu um barulho alto, como de um bebê chorando. Saímos para o pátio pela porta da cozinha e o quê nós encontramos? Um gatinho todo molhado roncando incessantemente, provavelmente doente e cheio de fome. Ele era do tamanho de um rato (dos grandes) e seu miado era desesperado e agudo. Abraçamos o filhote, é claro. O pelo do pequenino era amarelo escuro, quase laranja, parecia um leãozinho e ele mesmo, em poucos dias escolheu (e me informou através de seu miado) seu nome: Leo. Ele conquistou a todos rapidamente, menos nosso gato mais velho e cheio de si, que deve ter ficado com ciúmes.
Leo cresceu ocupando um espaço na nossa casa e nos nossos corações que nenhum dos outros ainda havia conquistado, mesmo amando todos eles. Nosso micro-leão sempre foi extremamente educado, não roubava comida, mais caseiro que os outros gatos que havíamos adotado (apesar de darmos liberdade a todos para sair), queria brincar com tudo, como todo filhote, inclusive com o rabo do gato mais velho, que o rejeitava solenemente. Eu ficava um pouco triste com a relação de ciúmes do nosso outro gato, mas, este, logo foi chamado para a morada eterna dos bichos.
O novo gatinho começou a ter suas manias com o tempo, como só beber água no box do banheiro. E continuou roncando sem parar, adora colo e carinho na cabeça e no pescoço. Eu, com 12 anos achava que o “ronron” era um tipo de bronquite por causa da chuva que ele tinha pegado no dia em que chegou. O Leo passou por todas as fases da vida se tornando um gato cada vez mais bonito, ele começou a sair para interagir com os gatos e as gatas da vizinhança na “adolescência” e provavelmente deixou sua prole. Mas ele gostava mesmo era da minha gata de pelúcia cor-de-rosa que miava ao apertar, hahaha...
Em 2010 o Leo viveu uma viagem memorável de mudança de cidade (730km) e teve dificuldades de adaptação no apartamento. Sua vida passou a ser de prisioneiro e ele passou a necessitar marcar seu novo território em todos os cantos dali, além de se exercitar em um espaço bem restrito. Nós penamos com a fase estressadíssima do gatinho, mas conseguimos, depois de alguns anos, mudar para outro apartamento com pátio, onde ele voltou a poder sair, recuperando sua saúde emocional.
A partir desse momento eu vivi alguns anos longe de casa, ele continuou fazendo companhia para meus pais como um filho (para mami) e um grande amigo (para o papi), sempre parceiro na hora do almoço e de assistir televisão. Em 2016, quando eu ainda estava mais longe, o Leo começou a ficar recluso, sumido, escondido, quieto, magro e deprimido. Depois de muitos exames, descobrimos que era FELV, uma doença que não tem cura, apenas tratamento e que exige isolamento de outros gatos.
Eu voltei pra casa e, mais ou menos nesse período começou a terceira idade do gatinho. Aos 10 anos de idade ele começou a ser tratado com ômega 3, vitaminas e corticoides. Ele é muito guerreiro, reagiu extremamente bem, dando um pouco mais de trabalho que antes, exigindo cuidados especiais, sendo mais seletivo com a ração e as comidas, mas nunca deixou de ser caçador de insetos, ratos e passarinhos. Nesta fase ele continuou lindo e passou a ser muito fotogênico.
Normalmente quando se descobre a FELV o gato não suporta mais que um ano e meio de vida, mas a dedicação dos meus pais e nosso amor permitiram que ele ficasse conosco por bastante tempo. Em 2018 ele passou por uma cirurgia de retirada de alguns dentes que estavam inflamados e passou a comer só ração macia e, em seguida contraiu um tumor maligno na língua e garganta, que restringiu ainda mais sua alimentação.
De fato, os gatos devem ter sete vidas, porque eu vejo o quanto este gatinho sofreu em situações da nossa vida, como a mudança e suas enfermidades. Deve ser verdade também que ele absorve e expulsa os sentimentos negativos das pessoas, assim como também conhece seu posto de príncipe e exige respeito. Além de guerreiro, o Leo foi forte e teve uma missão na nossa casa. Tantos momentos vão ficar na minha memória, como nossos longos papos por telepatia na hora do apoio emocional e da massagem para ele comer a ração, também quanto aos visitantes da casa, como sua reação inicial de ciúme ao meu namorado e aprovação com aceitação em seguida, além dos tantos fatos já relatados aqui, e outras histórias. Sua hora chegou, aos 12 anos e 11 meses conosco (provavelmente 13 anos de vida). Acabou o sofrimento de não conseguir comer e se limpar e, ele vai encontrar a liberdade que tanto gosta na morada eterna dos bichos.
                     


Texto e fotos: Rosamarina Quadros

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Frases


“A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos” Proust

sábado, 24 de agosto de 2019

Porto e região - Portugal



     Porto  – Oporto
Porto é uma cidade linda e muito aconchegante. A região na beira do rio é cheia de restaurantes caros, muito chiques, com música ao vivo frequentemente. É uma bela paisagem para deleite, é de se apaixonar, tanto durante o dia quanto à noite.
A cidade tem a parte baixa, basicamente na região desse porto que dá nome à cidade e o restante da região é composta de subidas bastante acentuadas.
Lindas igrejas de várias épocas e estilos, quase sempre nos pontos mais altos dos morros. Existia uma espécie de competição, como se a igreja mais próxima do céu tivesse mais poder. Sobre os estilos, é muito comum encontrar a decoração com os famosos azuleijos portugueses interna e externamente. Esses azuleijos também estão presentes em outros prédios públicos como a estação de trem.
Cheguei ali em 1º de julho de 2016, foi onde revi meus avós, depois de mais de 5 meses sem ver nenhum membro da família (por estar em um intercâmbio de estudos nesse período). Meu avô é português e vai com frequência com vovó a Portugal, ele nasceu na região do Porto, em uma vila bem afastada. Ouço histórias de Portugal desde pequena e promessas de me levar lá um dia. O reencontro com meus avós foi uma verdadeira explosão compulsiva de choro, um misto de sonho (o período inacreditável que eu tinha vivido nos últimos 5 meses) e realidade da sensação de “volta para casa”, de sentir-me segura e amparada. Difícil descrever essa sensação, foi quase um “estado de graça”.
Em Porto, comi o melhor Pastel de Belém da vida em uma lanchonete como qualquer outra, sem nenhuma fama especial, perto da região portuária, este foi melhor até que o de perto da Torre de Belém em Lisboa. Comi também uma comida bem parecida com a brasileira, porém, normalmente vinha com uma sopa (bem gostosa) antes do prato principal no almoço.
Ao fim da visita tive uma experiência desagradável ali, no caminho para o hostel, que era mais afastado da região turística. Por volta de 21h fui levemente agredida e quase roubada por uma mulher que provavelmente tinha problemas mentais, ninguém por ali se mostrou solícito comigo. 


Porto

Um trem conecta Porto a cidades próximas. Pude conhecer a praia congelante de Póvoa do Varzim e Vila do Conde em um dia de passeio. Para ir a esses lugares é importante estar com carro alugado, pois é difícil conseguir taxis ou ônibus. É interessante o calor que faz e a temperatura da água da praia, que provavelmente vem de alguma corrente do Ártico. Vila do Conde possui castelos e conventos como locais históricos, mas é uma cidade comum, que lembra pequenas cidades brasileiras.
A vegetação me surpreendeu, pois cheguei a Portugal em uma viagem de carro, então pude ver a paisagem. Apesar de não ser da área biológica, notei um clima mais úmido com árvores mais verdes e bastante mata densa, fechada, diferente do local onde viví nos 5 meses anteriores. Sempre tem um vendo fresco e forte no fim da tarde, mesmo no verão.

Póvoa do Varzim

Vila do Conde 



Texto e fotos: Rosamarina Quadros, 2019
Historiadora da Arte

domingo, 14 de julho de 2019

Workshop de Ballet Clássico de Repertório da Amazônia


O Workshop de Ballet Clássico de Repertório da Amazônia é o maior curso de férias de ballet clássico no Norte e Nordeste do Brasil.

O evento já está em sua 13ª edição, idealizado pela bailarina, professora e empresária Ana Rosa Crispino, que também é associada da Royal Academy of Dance. O workshop conta com aulas e ensaios de professores vindos de todo o brasil e conceituados internacionalmente. O evento proporciona a bailarinos profissionais e amadores a oportunidade de dançar as grandes obras do repertório clássico, como O Lago dos Cisnes, La Bayadère, Don Quixote, A Bela Adormecida, O Corsário, Noite de Walpurgis, Paquita, entre outros, em cerca de 3 a 5 sessões apresentadas no final.
O curso ocorre sempre no mês de janeiro, em Belém-PA, durante 15 dias intensivos. As aulas são realizadas na escola Ballare, que tem uma infraestrutura excelente para a prática do ballet, e em salas do teatro onde haverá os espetáculos finais. Além da experiência de palco e da aprendizagem adquirida durante o processo de aulas e ensaios, o curso também envolve bailarinos de diversas regiões e escolas do país, o que o torna um ótimo lugar de troca de saberes, bagagens culturais, conhecimento e integração de pessoas.
Podem se inscrever crianças desde 8 anos até bailarinos mais experientes e profissionais que relatam sobre a dedicação necessária, as dores musculares enfrentadas no período de preparação nos turnos da manhã e tarde, do frio na barriga antes da estreia. Os participantes têm experiência de palco em diferentes papeis, com variados elencos e finalizam o curso cheios de entusiasmo e gratidão.

Fotos de Edições Anteriores


domingo, 9 de junho de 2019

Corpoiesis


Corpoiesis
         
O post de hoje é sobre a uma companhia de dança com sede na cidade de Petrópolis, a Corpoiesis.
A Corpoiesis começou em 2017 com o espetáculo “Quarto Catedral”, participou de mostras e festivais nas cidades de Petrópolis e Rio de Janeiro. O grupo ganhou novos integrantes em 2018 reunindo, hoje, seis artistas independentes, conduzidos por Luiza Pessôa. Ocupa o Centro de Cultura Raul de Leoni, em Petrópolis, onde realiza suas aulas, ensaios e abre parte da preparação corporal dos bailarinos à comunidade petropolitana, em formato de Oficinas de Corpo.
Todo processo criativo da Cia parte de práticas de experimentações direcionadas através de improvisação, jogos corporais, laboratórios de arte e demais dinâmicas que buscam explorar as temáticas que se pretende abordar. As aulas de técnicas de dança (balé e dança contemporânea) complementam o trabalho de corpo dos integrantes.


A criação mais recente da Cia é “À Flor da Pele”, a 
música de J.S. Bach é condutora das emoções trazidas à tona durante o espetáculo, que busca tocar o público, despertando sensações, emoções e possíveis questionamentos a respeito do amor, da paixão, das mais diversas relações afetivas. O “amor” com suas mil considerações diferentes, biológicas, filosóficas, religiosas, históricas, psicanalíticas, será que pode ser definido, ou apenas sentido? A Cia Corpoiesis almeja apresentar suas perspectivas sobre o tema de forma delicada, sensível e amorosa num espetáculo que se pretende estimulante aos sentidos. A poesia é um dos recursos amplamente explorados nas cenas, tendo sido, a maior parte dos textos, escrita pela própria artista/coreógrafa durante o processo de criação do espetáculo.

Pela apresentação de estreia no Teatro Municipal de Petrópolis em 2018, a montagem recebeu indicação ao Prêmio Maestro Guerra Peixe de Cultura (maior premiação artística e cultural do interior do Estado do Rio de Janeiro) na categoria dança, concorrendo com mais três atrações. O prêmio será entregue no dia 10 de junho de 2019.
Atualmente, a Cia objetiva a circulação do espetáculo no Estado do Rio de Janeiro e futuramente no Brasil. Para acompanhar o processo criativo, os espetáculos e para entrar em contato você pode buscar as páginas do Facebook e Instagram, os links estão aqui em baixo!

Direção: Luiza Pessôa
Elenco: Luiza Pessôa, Marcos Retondar, Roberta Bertelli, Rosamarina Quadros, Thais Melegario e Geisa Helena Montes.
Assistente de coreografia e ensaio: Paloma Clinquart
FACEBOOK: https://www.facebook.com/ciacorpoiesis/

quinta-feira, 14 de março de 2019

A Dança na Pré-história


A DANÇA NA PRÉ-HISTÓRIA
                                                
     A respeito desse assunto fascinante, há poucos registros e documentações que nos permitam constatar como eram as danças na pré-história. Os estudos se baseiam principalmente nas pinturas rupestres e nos achados arqueológicos.
     Durante o fim do período Paleolítico (aprox. 12000 a 10000 a. C.), quando o homem era nômade, tudo girava em torno da caça, pesca e colheita, ou seja, o animal era fonte de quase tudo que o homem precisava. “Ele condiciona a sobrevivência do homem, fornecendo-lhe o indispensável: carne e gordura para a alimentação, peles para as vestimentas, ossos e chifres para os instrumentos”. As grutas eram locais protegidos, considerados santuários, sendo comprovado que animais eram nelas enterrados, o que leva a supor que cultuavam-se alguns animais. “Portanto não se deve excluir a priori a ideia de uma dança religiosa que nenhum documento atesta expressamente”.  O que existem são representações nas paredes das cavernas que sugerem movimentos executados por homens, como saltos e giros, bem como o uso de máscaras de animais. Devido a tudo que foi apresentado, se existiam danças, elas se referiam aos animais.
     No período Mesolítico (aprox. 10000 a 8000 a.C.) representações rupestres de grupos começaram a ser frequentes. Mantém-se o uso de máscaras de animais, inicia-se a representação de homens em roda e em posições de contorcionismo. Seria uma provável dança cósmica ou ritual e algumas danças obscenas, conforme as análises.
     Já no Neolítico (aprox. 8000 a 3000 a. C.) o homem faz agricultura e cria estabilidade em grupos maiores. A possibilidade de migração favoreceu sobreposição de práticas culturais estrangeiras às culturas nativas. Isso porque percebe-se que cada cidade que se forma tem sua identidade, seu rito e suas danças típicas. Um animal é comumente venerado como divindade protetora do local. A primeira representação de mulheres em uma dança é por volta do segundo milênio a. C. Em diversas regiões, como Egito, África do Sul e Oriente Médio, foram achadas representações de mulheres dando as mãos, em roda e até cobertas por véus, em uma provável dança cerimonial relacionada a ritos cívicos.

Figura de Gabillou – 12000 a. C.

Figura de Trois Frères – 10000 a. C.           

Roda de Addaura – 8000 a. C.

Bibliografia:
Livro: BOURCIER, Paul. História da dança no Ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.