quinta-feira, 11 de junho de 2020

Madri - Segunda Visita

Madri

Ainda durante o período de intercâmbio estudantil na Espanha, pude voltar a Madri em plena primavera. Desta vez fui com uma amiga brasileira que conheci em Jaén, a cidade onde vivi e estudei. Viajamos de ônibus, aliás, se não fosse ela me ligando na hora de sair da casa eu teria perdido meu passeio – obrigada amiga!. A véspera tinha sido meu aniversário e eu tinha ido dormir umas 2 horas antes de ter que acordar para pegar o ônibus. Naquele momento meu sono venceu meu despertador.

Ficamos apenas um dia, pois estávamos de passagem. Escolhemos o Parque del Retiro para ela ter seu primeiro contato e eu conhecer melhor e o Museu do Prado como visitas obrigatórias, afinal eu fui para estudar arte lá e precisava absorver o máximo. Além disso, eram passeios de graça e o orçamento estava bastante apertado.

A paisagem desse parque na primavera é deslumbrante! Grama verde bem aparada a perder de vista, espécies de árvore não muito familiares para mim, muito altas, algumas com troncos tão empurrados pelo vento que a gente se pergunta como elas ainda não caíram, as folhas tinham vários tons de verde e flores coloridas. O gigantesco parque também tem lagos, espaços com pilastras do estilo romano, construções como, palácio de cristal (que eu já tinha conhecido no inverno), salão de exposição de arte, observatório planetário e largos caminhos de concreto para andar de skate, patins, bicicleta, fazer corrida ou caminhada. Artistas de rua se apresentam em todo canto, sem atrapalhar a música um do outro. Tudo é tão grandioso que você se sente formiga ali, e também sente muita paz.


Nesse dia fizemos uma caminhada e tanto (com as malas de mão!). Depois do parque, visitamos rapidamente o Museu do Prado e caminhamos por perto do Palácio de Cibele, onde também entramos e havia mais uma exposição de arte e um restaurante panorâmico no topo, mas não chegamos a subir porque nosso lanche era sempre croissant de Nutella, que já estava nas bolsas hahaha... Passamos também na frente do Palácio Real, mas em nenhuma das duas idas a Madri eu tive chance de entrar lá.

Eu vi tanta coisa nessa cidade incrível... pensar que ficou muito para ver na próxima ida... é motivador! Antes de escurecer fomos para o aeroporto. Nosso vôo seria de manhã cedo, mas passamos a noite lá. Desconfortável? Com certeza! Mas a felicidade de estar realizando um sonho de duas garotas de seus 20 e poucos anos superava qualquer inconveniente.




sexta-feira, 10 de abril de 2020

Liberdade


Saudades das liberdades

É preciso entender que temos que agradecer
É na tristeza que damos valor à felicidade
É na prisão que percebemos
como é boa a liberdade

Ir e vir da onde se gosta
Falar com amigos, ouvir sem interromper
Prestando atenção ao próximo
Fazer o que se quer, poder escolher

Às vezes estamos tão livres, que nem percebemos,
Nos perdemos
Esta obediência tem que servir
Do contrário, enlouquecemos

Reclusão é bem diferente de retiro,
É ser atordoada por informações duras
Que alívio, um respiro, sentir o sol, olhar a lua,
Ouvir a chuva e o canto dos pássaros, ler uma palavra sua

Felicidade é fazer nossa rotina ou sair dela
Respirar, abraçar, tocar
E ter a esperança
De que a liberdade irá voltar



Rosamarina Quadros

quinta-feira, 19 de março de 2020

A mímica no ballet

A mímica no ballet

Quem assiste a um ballet de repertório certamente vai se deparar com gestos e expressões faciais que não se enquadram na técnica de dança propriamente dita, eles fazem parte do que chamamos de pantonima, ou mímica. Essa questão sempre foi um desafio para mim e eu adoro desafios! Este post vai te explicar o que é isso e para que isso serve.
O ballet de repertório tem suas origens parecidas com as da ópera e, assim como a ópera, conta uma história, só que não usa as palavras. A história é dançada, e a mímica permeia os espetáculos do início ao fim. Uma pessoa é capaz de entender os detalhes da história contada, sem ler o libreto, se for atenta às cenas que decorrem entre uma dança e outra e conhecer o significado dos gestos.
Normalmente, perdemos o interesse quando vamos a um espetáculo e, o que vemos, não faz sentido. Isso acontece quando há uma falha na conexão artista-público e/ou obra-público. É claro que é difícil compreender tudo, de primeira. Não estamos muito acostumados a usar nenhuma linguagem de sinais no dia a dia, o que é outra questão que deveríamos pensar na vida (por causa das pessoas surdas-mudas, mas não vem ao caso aqui). Entender a pantonima é uma questão de treinar o olhar.
Tento escrever para leigos porque, apesar de hoje ser uma entendedora de ballets, tive minha fase desconhecer. Eu via vários espetáculos e muitos gestos dos atores/ bailarinos/figurantes me passavam despercebidos, prejudicando o entendimento da história, como público. A partir do momento em que passei a estar dentro da equipe de artistas que compõem o elenco, muita coisa se esclareceu. Lembro-me bem dos períodos de ensaio e montagem dos espetáculos. O que percebi foi que, a cada novo gesto, que passava a fazer sentido, um mundo inteiro se abria.
Quero ressaltar que, quem dança ballet precisa ter esse conhecimento. Quando não há clareza nos gestos dos bailarinos o espetáculo perde vida. Quero transmitir na minha dança e na dança dos meus alunos, da melhor forma possível e com riqueza, tudo que o espetáculo propõe. Afinal de contas, ter uma boa interação com a plateia e fazê-la se sentir tocada é o maior desejo de um bailarino. É dever dos professores estimular os alunos nesse sentido.
Aqui vai um exemplo em vídeo. É o ensaio da cena da entrada de Carabosse, a fada má que não foi convidada para a festa de aniversário da Princesa Aurora, no conto e ballet A Bela Adormecida. A mestra é Monica Mason, que já interpretou o papel diversas vezes pela Royal Companhia de Dança da Inglaterra.


Hoje existem vários videoblogs, super interessantes que explicam a pantonima mais utilizada nos Ballets do repertório clássico. Por exemplo, no Canal Coque & Sapatilha.