A mímica no ballet
Quem assiste a um ballet de repertório certamente vai se
deparar com gestos e expressões faciais que não se enquadram na técnica de
dança propriamente dita, eles fazem parte do que chamamos de pantonima, ou mímica. Essa questão
sempre foi um desafio para mim e eu adoro desafios! Este post vai te explicar o
que é isso e para que isso serve.
O ballet
de repertório tem suas origens parecidas com as da ópera e, assim como a ópera,
conta uma história, só que não usa as palavras. A história é dançada, e a
mímica permeia os espetáculos do início ao fim. Uma pessoa é capaz de entender
os detalhes da história contada, sem ler o libreto, se for atenta às cenas que
decorrem entre uma dança e outra e conhecer o significado dos gestos.
Normalmente, perdemos o interesse
quando vamos a um espetáculo e, o que vemos, não faz sentido. Isso acontece
quando há uma falha na conexão artista-público e/ou obra-público. É claro que é
difícil compreender tudo, de primeira. Não estamos muito acostumados a usar
nenhuma linguagem de sinais no dia a dia, o que é outra questão que deveríamos
pensar na vida (por causa das pessoas surdas-mudas, mas não vem ao caso aqui). Entender
a pantonima é uma questão de treinar
o olhar.
Tento escrever para leigos porque,
apesar de hoje ser uma entendedora de ballets,
tive minha fase desconhecer. Eu via vários espetáculos e muitos gestos dos
atores/ bailarinos/figurantes me passavam despercebidos, prejudicando o
entendimento da história, como público. A partir do momento em que passei a
estar dentro da equipe de artistas que compõem o elenco, muita coisa se
esclareceu. Lembro-me bem dos períodos de ensaio e montagem dos espetáculos. O
que percebi foi que, a cada novo gesto, que passava a fazer sentido, um mundo
inteiro se abria.
Quero ressaltar que, quem dança ballet precisa ter esse conhecimento.
Quando não há clareza nos gestos dos bailarinos o espetáculo perde vida. Quero
transmitir na minha dança e na dança dos meus alunos, da melhor forma possível
e com riqueza, tudo que o espetáculo propõe. Afinal de contas, ter uma boa
interação com a plateia e fazê-la se sentir tocada é o maior desejo de um bailarino.
É dever dos professores estimular os alunos nesse sentido.
Aqui vai um exemplo em vídeo. É o
ensaio da cena da entrada de Carabosse, a fada má que não foi convidada para a
festa de aniversário da Princesa Aurora, no conto e ballet A Bela Adormecida. A
mestra é Monica Mason, que já interpretou o papel diversas vezes pela Royal
Companhia de Dança da Inglaterra.
O link: https://youtu.be/Q74fEYxMsuk
Hoje existem vários videoblogs, super
interessantes que explicam a pantonima
mais utilizada nos Ballets do
repertório clássico. Por exemplo, no Canal Coque & Sapatilha.